
Há um ano, seria impensável prever uma operação de compra da dimensão da de Samu: €32 milhões, pagos em prestações não muito suaves, marcaram um momento histórico para o FC Porto e para o futebol português. Trata-se da contratação mais cara de sempre neste pequeno pedaço de terra, ultrapassando os €25 milhões (acrescidos de 5 milhões em bónus) que o Benfica investiu em Kokçu, já recambiado para a Turquia. O que permitiu ao FC Porto passar de um verão de 2024 marcado por tão grandes apertos, onde cada cêntimo era contado e os reforços adiados ao máximo, para um cenário que possibilitou esta operação e outras aquisições antecipadas solicitadas por Farioli?
Com tantos milhões em circulação, quase todos se esqueceram de um gesto discreto, mas significativo: Villas-Boas contribuiu com €500 mil euros para um empréstimo pessoal sem juros, destinado a apagar fogos. Por trás destes movimentos financeiros, destaca-se uma figura que foi a melhor contratação de Villas-Boas: José Pereira da Costa, sócio n.º 3978 do FC Porto, e administrador financeiro da SAD. Não marca golos como Samu, mas a sua visão estratégica e capacidade de gerir dossiês delicados foram fundamentais para estabilizar o clube.
Na sua candidatura, Villas-Boas apresentou Pereira da Costa como «peça fundamental» do seu projeto e não teve travão (raramente tem e por isso é tão criticado) quando afirmou que as competências do homem forte das contas eram «algo nunca visto no futebol português.» Aí está o tempo para mostrar que, desta vez, AVB tinha razão. Nem tudo são rosas, porque a UEFA mantém a corda bem apertada, mas em ano e meio o FC Porto saiu da valeta económica onde caíra para um estado de maior saúde financeira. Falta agora a equipa dar resposta em campo: os adeptos apreciam um clube bem gerido, mas querem, acima de tudo, títulos e glórias